O complexo industrial da Caimasul de criação, abate, industrialização e comercialização da carne e couro de jacarés já está em funcionamento com um terço das 240 baias para confinamento do jacaré do Pantanal (Cayman yacare). São, atualmente, 80 mil jacarés, todos coletados na natureza antes de nascerem. Todo o manejo da área é sustentável. A água usada nas baias vai para bacias de decantação, onde é tratada e reutilizada. Os “tanques” têm a temperatura interna e da água controladas automaticamente, oscilando entre 27 e 30 graus Celsius.
“A única espécie que temos é o jacaré do Pantanal, é a única que a gente maneja. Há diferenças de coloração, mas são todos da mesma espécie, isso é normal nos animais. Na estação de produção, tenho três idades, que são das safras 14, 15 e 16 (referentes aos anos de chegada nas baias). O ciclo de produção no sistema de recria e engorda é de dois anos. Mas a partir de 18 meses, já temos animais no tamanho de abate, em torno de 1 metro e 10 centímetros, 1 metro e 20 centímetros e cerca de oito quilos. Trabalhamos no melhoramento genético para antecipar isso e melhorar os padrões de carne”, explicou o zootecnista Willer Cardoso Girardi.
Passado o período de recria e engorda, os animais entram na fase de encaminhamento no frigorífico – ainda em construção. “Lá vão para abate; processar a carne; separação da pele [couro] que vai para o curtume, também na nossa planta industrial, para processamento. Aproveitamos tudo do jacaré aqui”, disse Girardi ao Diário Corumbaense.
Segundo o zootecnista da Caimasul, o aproveitamento do réptil confinado é total. “Hoje tiramos pele 100%, a carne aproveitamos tudo, até a sobra que é separada numa máquina, que é carne mecanicamente separada. Com ela, eu consigo embutidos, hambúrgueres e linguiça. Buscamos o aproveitamento integral. A cabeça, por exemplo, uso na taxidermia”, contou.
As matrizes são coletadas na natureza. “Trabalhamos com o sistema de manejo, o ranching, em que coletamos direto em áreas monitoradas. Coletamos os ovos, trazemos para cá, nascem na incubadora e vão para a estação de produção e recria. Vamos instalar o sistema de reprodução em cativeiro, chamado farming, onde terei as matrizes para produzir aqui mesmo. Até podemos trabalhar só com reprodução em cativeiro, mas a empresa tem como meta ter 80% reprodução em cativeiro e continuar com a exploração na natureza. Lá, extraímos uma pequena parte, há um estudo e monitoramento, para coletarmos todo o ano. A extração é pequena e não causa perda de reposição de plantel no Pantanal”, explicou.
Esse sistema de manejo proporciona geração de renda para famílias ribeirinhas e fazendeiros. “No manejo de fauna levamos renda, eles recebem por cada ovo que sai da propriedade dele. Manejamos numa área, que é uma propriedade rural e tem um dono, e ele recebe por esse manejo. Pagamos para retirar esses ovos. O ribeirinho que trabalha em parceria com a gente, recebe por esse trabalho de coleta. Tem muito ribeirinho que foi coureiro e já vê o jacaré como matriz que vai produzir para ele todo o ano. Geramos renda e levamos a conscientização da conservação da espécie lá”, observou Willer Girardi.
Uma vez operando em capacidade plena, o plantel de animais será de 240 mil exemplares. O abate deverá oscilar entre 100 mil e 120 mil por ano. O planejamento empresarial prevê o alcance desses índices para o ano de 2019.
Iniciativa privada promove desenvolvimento da cidade, diz prefeito
Participando do lançamento das obras do frigorífico de jacarés, o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, destacou a importância da iniciativa privada como pilar para o desenvolvimento econômico do município. O projeto todo prevê em torno de 160 empregos diretos. Só o frigorífico deve criar outros 40 postos de trabalho direto.
“Quem leva a cidade para o crescimento, desenvolvimento econômico é a iniciativa privada. A Prefeitura tem que ser parceira e fomentar esse tipo de ação. Trabalhamos muito nisso, temos exemplos de investimento que vieram para Corumbá. Mesmo com essa crise, temos saldo positivo de empregos e fortalecimento do comércio local”, afirmou a este Diário.
No papel que lhe cabe, o de garantir condições para a chegada de empreendimentos, o prefeito ressaltou a política de incentivos fiscais que o Município pratica. “A Prefeitura aprovou a lei de Incentivo Fiscal e possibilitou também que esse investimento estivesse acontecendo em Corumbá.”
O chefe do Executivo corumbaense frisou que o complexo industrial de criação e abate de jacarés já está em operação parcial. “Este investimento já começou. Hoje é a etapa de lançamento do frigorifico, mas toda parte da criação está aqui instalada há mais de um ano. Teremos aqui um empreendimento que vai gerar empregos direta e indiretamente, como já está gerando, sendo ainda um referencial para o turismo de nossa cidade”, finalizou.