Com um investimento total de R$ 30 milhões – numa planta com curtume, fábrica de ração para répteis, loja de artesanatos e sede administrativa –, a Caimans do Sul do Pantanal Importação e Exportação Ltda (Caimasul) lançou oficialmente a construção do primeiro frigorífico de abates de jacarés do Mato Grosso do Sul. A obra deve ficar pronta no início do ano que vem. O empreendimento fica às margens da rodovia BR-262, distante aproximadamente 35 quilômetros da área urbana de Corumbá.
O frigorífico já tem licença de instalação e operação liberada pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). O documento autoriza o abate de jacarés, pela empresa, estipulando a capacidade de 4,2 toneladas por dia. É construído em uma área de 150 hectares e vai trabalhar com 10 mil matrizes em cativeiro e 250 mil jacarés em confinamento, com média aproximada de 100 mil animais abatidos por ano.
Ao Diário Corumbaense, o presidente da Caimasul, explicou que o planejamento da empresa prevê a conclusão da obra e consequente entrada em operação logo no começo de 2017. A tecnologia usada para o trabalho de abate é de ponta. “O frigorífico está parcialmente construído, com galpão, terraplanagem e subsolo. Em janeiro devemos inaugurá-lo completamente. É o único frigorífico no mundo de abate de jacaré com essa tecnologia, será inteiramente automatizado. Da mesma forma que se abate frangos e porcos, serão abatidos os jacarés. As nórias (ganchos) para transporte da carcaça do animal serão todas automáticas. O frigorífico inteiro é uma câmara fria de 15 graus”, disse.
Com capacidade máxima de operação, prevista para até o final do ano que vem, a produção alcançará cerca 10 mil quilos de carne de jacaré por mês, com 11 diferentes tipos de cortes. A tecnologia empregada permitirá reaproveitamento total do animal. Couro, a cabeça e as vísceras serão transformados em ração para os répteis dos cativeiros. Esse alimento vai ser produzido na fábrica de ração instalada dentro da própria empresa.
A produção do frigorífico tem destino certo vai abastecer mercados internos e estrangeiros. A carne de jacaré será totalmente voltada para consumo doméstico. “No mercado da carne, estamos focando o Brasil. Corumbá, Bonito e Campo Grande, acreditamos que essas regiões vão absorver muito a carne de jacaré. Outros mercados fortes são Minas Gerais e São Paulo. Acreditamos que a carne ficará no mercado brasileiro”, avaliou o presidente da empresa.
Já o couro deve ser, em sua maioria, exportado. “A pele, o nosso jacaré do Pantanal, o caiman yacare, é usado muito para sapato. A moda country absorve muito o cayman. No Brasil há fabricantes de calçados que utilizam essa pele. Contudo, nosso foco é o mercado internacional. São grandes compradores no México e no sul dos Estados Unidos, justamente para sapatos e botas. Há mercado fortíssimo na Ásia, que é para bolsas e carteiras. A pele tem foco internacional, carne nacional”, destacou Amaral. O frigorífico instalado tem previsão de geração direta de 40 postos de trabalho.
Práticas sustentáveis
Raul Amaral antecipou que por conta desse compromisso ambiental, um fundo vai ser criado para financiar estudos de preservação da espécie. “Será destinado um valor por cada animal abatido pelo frigorifico. Ele será canalizado para a Fundação Caimasul que deve administrar esses fundos e promover com eles estudos científicos com o jacaré do Pantanal em conjunto para que, com este conhecimento, possamos preservar essa espécie em seu habitat natural”, afirmou.
Segundo o presidente da Caimasul, todo o trabalho executado no complexo industrial é pautado pelo compromisso de manter o equilíbrio do ecossistema pantaneiro; garantir a conservação da espécie do jacaré do Pantanal e seguir as regras ambientais que regulam o setor. O grupo Caimasul está no ramo do agronegócio há 15 anos atuando com madeira reflorestada, cereais e carnes.
Todo o manejo da área de trabalho é sustentável. A água usada nas baias onde ficam os répteis vai para bacias de decantação, onde é tratada e reutilizada. Como todo o corpo do animal tem uma utilidade, não há resíduos.